Rightsizing: o que é, quem criou e como tornar a empresa mais eficiente em pessoas, processos e recursos

Em tempos de mercados instáveis, automação crescente e margens de lucro cada vez mais apertadas, muitas empresas buscam formas de se tornarem mais enxutas, produtivas e organizadas. Uma das abordagens mais modernas para isso é o rightsizing, um conceito que vai muito além de simplesmente cortar custos: ele busca ajustar a organização ao seu tamanho ideal, tanto em estrutura, quanto em processos, tecnologia e pessoas.

O conceito de rightsizing foi introduzido no início dos anos 1990 por consultorias de gestão norte-americanas como resposta a um uso muitas vezes equivocado do downsizing. Embora não haja um “criador único” registrado como pai do termo, o conceito foi consolidado por práticas lideradas pela consultoria McKinsey & Company, que defendia uma reestruturação estratégica e não apenas cortes generalizados.

Enquanto o downsizing ganhou fama (e crítica) por cortes agressivos, o rightsizing surgiu como uma abordagem mais estratégica, inteligente e sustentável, voltada à eficiência total da empresa — considerando não apenas o número de funcionários, mas também a aderência dos processos, a eficiência dos equipamentos, a agilidade dos fluxos de trabalho e o real alinhamento com a estratégia do negócio.

O que é Rightsizing?

Rightsizing é o processo de ajustar o tamanho e a estrutura da empresa de acordo com suas necessidades estratégicas reais, considerando o cenário atual e os objetivos futuros.

A ideia é encontrar o “tamanho certo” da organização. Não se trata apenas de reduzir, mas também de realocar, reestruturar, reorganizar e até contratar, quando necessário. O objetivo é maximizar o desempenho com o menor desperdício possível.

Envolve decisões sobre:

  • Número ideal de colaboradores
  • Nível adequado de automação
  • Tecnologias apropriadas para cada área
  • Estrutura organizacional funcional
  • Processos eficientes e integrados

Rightsizing busca criar um ambiente onde a empresa opera com fluidez, sem excesso de cargos, equipamentos parados, retrabalho ou duplicidade de funções. Tudo está onde deveria estar, e todos sabem por quê.

Diferença entre Rightsizing e Downsizing

Embora os dois termos envolvam mudanças estruturais, eles seguem lógicas e impactos diferentes.

AspectoDownsizingRightsizing
Objetivo principalRedução de custosAjuste estratégico do tamanho da empresa
FocoCortes de pessoalOtimização de processos, pessoas e recursos
MotivaçãoCrise ou contenção de gastosAlinhamento com planejamento e estratégia
Impacto na culturaNegativo (insegurança, medo)Positivo (eficiência, clareza, engajamento)
Ações comunsDemissões em massaReestruturação, realocação e melhoria geral
Tipo de decisãoReativaProativa e estratégica

Enquanto o downsizing é muitas vezes uma resposta desesperada, o rightsizing é uma ação planejada, baseada em dados, metas e avaliação criteriosa de desempenho.

Como aplicar o Rightsizing na prática?

1. Avaliação de desempenho organizacional

Comece medindo a eficiência da empresa em termos de produtividade, prazos, retrabalho, custos operacionais e satisfação do cliente. Use indicadores como OEE (Eficiência Global dos Equipamentos), KPIs de desempenho e qualidade.

2. Mapeamento de processos

Utilize modelos como o [POC3] para mapear os processos internos e identificar gargalos, sobreposição de funções ou falhas estruturais. Avalie se os processos estão conectados com os objetivos estratégicos.

3. Diagnóstico da estrutura atual

Identifique áreas com excesso ou carência de pessoal, setores duplicados, níveis hierárquicos desnecessários ou máquinas ociosas. Aqui, pode-se aplicar a [Curva ABC] para priorizar mudanças com maior impacto.

4. Alinhamento com a estratégia da empresa

Ajuste a estrutura com base nos planos futuros: crescimento, novos produtos, mudança de público, digitalização etc. Rightsizing não é estático — ele deve estar alinhado à visão estratégica do negócio.

5. Ações práticas de rightsizing

  • Redesenhar fluxos de trabalho
  • Reduzir níveis hierárquicos
  • Automatizar tarefas repetitivas
  • Realocar profissionais com base em competências (como as [Competências CHA])
  • Atualizar ou eliminar equipamentos obsoletos
  • Reorganizar layout físico e digital da operação

6. Comunicação e engajamento

Ao contrário do downsizing, o rightsizing deve ser comunicado com transparência, explicando as razões, os benefícios e os resultados esperados. Isso reduz resistências e melhora o engajamento da equipe.

Vantagens do Rightsizing

  • Melhoria na eficiência operacional
  • Redução de desperdícios (humanos, físicos e financeiros)
  • Agilidade nos processos e na tomada de decisões
  • Aumento da produtividade por colaborador
  • Redução de ruídos e burocracias internas
  • Estrutura mais adaptável ao crescimento ou mudanças de mercado
  • Clima organizacional mais leve do que o gerado por cortes

Riscos e cuidados

Apesar dos benefícios, o rightsizing exige cuidados na aplicação:

  • Diagnósticos mal feitos podem gerar cortes errados ou realocações ineficazes
  • Falta de comunicação pode causar pânico interno semelhante ao downsizing
  • Mudanças mal planejadas causam rupturas nos processos
  • Equipamentos substituídos sem plano de capacitação podem gerar gargalos

Por isso, o processo exige liderança, planejamento e apoio técnico.

Rightsizing é só para empresas grandes?

Não. Pequenas e médias empresas também podem (e devem) usar esse conceito para se reorganizar. Por exemplo:

  • Startups que cresceram rápido e perderam controle da estrutura
  • Empresas familiares que nunca mapearam seus processos
  • Negócios locais com baixa margem e excesso de retrabalho

Ao aplicar os princípios de rightsizing, até negócios de 5 ou 10 pessoas conseguem operar de forma mais enxuta e saudável.

Rightsizing e transformação digital

Em ambientes digitais, rightsizing é ainda mais necessário. À medida que tecnologias evoluem, tarefas que exigiam 3 pessoas podem ser feitas por uma com um bom sistema. O que antes exigia uma área inteira pode hoje ser centralizado por uma ferramenta de B.I. ou automação.

O rightsizing, portanto, não é só um modelo de gestão — é uma mentalidade adaptativa, que exige revisão constante da estrutura com base em resultados reais e contextos mutáveis.

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FAQ – Perguntas Frequentes sobre Rightsizing

1. Quem criou o conceito de rightsizing?
Foi consolidado por consultorias de gestão como McKinsey & Company, nos anos 1990, como evolução do downsizing, mas não tem um autor único.

2. Rightsizing é o mesmo que demitir pessoas?
Não. Ele pode envolver demissões, mas também realocações, contratações ou mudanças tecnológicas. O objetivo é eficiência e não corte por si só.

3. Como saber se minha empresa precisa de rightsizing?
Se há desperdício, retrabalho, duplicidade de funções, cargos ociosos, baixo desempenho ou desalinhamento estratégico, é hora de considerar.

4. É possível fazer rightsizing sem afetar a equipe?
Sim. Muitas vezes, apenas a reorganização de tarefas, a digitalização de rotinas ou o redesenho de fluxos já aumentam a produtividade sem cortes.

5. Rightsizing funciona em tempos de crise?
Sim — inclusive é mais eficiente que o downsizing, pois oferece soluções estruturais e sustentáveis, não apenas cortes de curto prazo.

Conclusão

O rightsizing é uma abordagem moderna e estratégica para empresas que buscam crescer com estrutura, operar com inteligência e entregar mais com menos. Ao contrário do downsizing, ele não foca em redução, mas sim em ajuste inteligente da estrutura ao seu propósito.

Com diagnósticos bem feitos, processos organizados e comunicação clara, o rightsizing se torna um dos maiores aliados da eficiência empresarial. Seja no chão de fábrica, no atendimento ou na diretoria, operar com o “tamanho certo” é sinônimo de organização, economia e vantagem competitiva.

Sobre o Autor
Lucas Rocha em traje formal com um elegante terno azul, camisa branca e gravata marrom, transmitindo profissionalismo e autoridade

Lucas Rocha é administrador de empresas, pós-graduado pela FGV-Rio e fundador do Administração Explicada. Com vasta experiência em processos e gestão de pessoas, dedica-se a ajudar pequenos negócios com consultorias e soluções de gestão.

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